Mensagem para a Quaresma do Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga

Quaresma: conhecimento, radicalidade, profetismo

A Quaresma, no meio de tantas transformações sociais, deve continuar a ser um tempo forte, um tempo favorável. O ritmo da vida continua, infelizmente, a ser avassalador. Convido, por isso, a que reservemos alguns momentos para a vida pessoal e comunitária, como crentes que somos e membros da Igreja que amamos. Não queremos afastar-nos do Programa Pastoral “Levantar-se e Semear Esperança”. Ele deve, por isso, ser inspirador. A cada um exigirá algo de muito concreto.

 

O verbo levantar-se corresponde ao termo grego anastasis, que significa ressurreição. É um verbo que exige tudo de nós, todos os dias, e não apenas num tempo litúrgico. Também agora devemos ressuscitar para uma vida nova com todas as implicações que isso possa exigir. A Quaresma é uma graça para que isso aconteça.

 

Para ressuscitar teremos de sair do habitual, da rotina dos dias sempre iguais e do raquitismo espiritual. Importa ir mais além, alargar horizontes, sentir a impaciência da mudança e a necessidade de uma transformação em ritmo crescente. É um programa muito concreto e exigente.

 

Proponho, para isso, três dimensões a ter presente na caminhada quaresmal. De cada uma delas deve emergir um conjunto de iniciativas a assumir responsavelmente, por cada cristão e pelas comunidades.

 

Quaresma, tempo de transformação pessoal

A Palavra de Deus é sempre acutilante, não deixa nada igual e transforma-nos interiormente. Nunca conseguiremos a renovação da Igreja e do mundo sem homens e mulheres tocados pela novidade do Evangelho. Com São Bartolomeu dos Mártires deixemos que a Palavra “ilumine” todos os recantos da vida e ousemos trilhar um caminho de mudanças concretas. Sugiro, por isso, a leitura da Sagrada Escritura, de um bom livro de espiritualidade ou ainda o pensamento dos Padres da Igreja. Só o conhecimento doutrinal motivará para o que importa ser.

 

Quaresma, tempo de renovação eclesial

Respiramos e testemunhamos insatisfação. Na Arquidiocese de Braga já muito se tem feito, mas podemos ir sempre mais longe. Deixemo-nos interpelar pela entusiasmante pergunta: Que rosto queremos para a Igreja, hoje, aqui e agora? Não podem ser os outros a responder. A solução está nas mãos de cada um. Mais do que nunca precisamos de radicalidade nas opções e nas atitudes.

A nossa vida é insubstituível no projecto de Deus para a sua Igreja. Mas, como vivemos esta corresponsabilidade? Tristes? Desalentados? Desanimados? Com São Bartolomeu dos Mártires temos de “arder”, colocar paixão, mostrar alegria e radicalidade nas opções pessoais e pastorais.

 

Quaresma, tempo de profetismo social

A Igreja não é uma casa fechada. Deve ter as portas abertas para conhecer e amar o mundo. São Bartolomeu dos Mártires seguiu o caminho da diferença, numa identidade que não se confundia mas que transformava as situações. Não podemos ter medo de denunciar, de incomodar, de propor alternativas. Somos profetas de um mundo diferente. Cito uma parte da mensagem do Santo Padre para a Quaresma: “Colocar o mistério pascal no centro da vida significa sentir compaixão pelas chagas de Cristo crucificado presente nas inúmeras vítimas inocentes das guerras, das prepotências contra a vida, desde o nascimento até à morte do idoso, das variadas formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da corrida desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria”.

Olhemos, ainda, para o lamentável fenómeno da violência. Parece que já não conseguimos evitá-lo na família, nas escolas, nos ambientes profissionais e no mundo da saúde. Muitos solicitam a segurança das forças policiais. A Igreja apresenta, contudo, uma doutrina e uma vida alicerçada no amor, pautada pela aceitação da diferença e marcada pela permanente exigência do perdão. Este é um caminho preventivo e educativo, mas ambos são necessários! Apenas quando construimos a sociedade a partir de dentro garantimos resultados positivos.

 

A Quaresma é, então, um tempo para levantar-se e semear a esperança, transformando a vida através do conhecimento doutrinal, renovando a vida eclesial e praticando um profetismo social.

 

Aceitemos este tríptico para que a Quaresma seja, de facto, Quaresma. Boa caminhada!

† Jorge Ortiga
Arcebispo Primaz

Programa da Semana Santa 2020 apresentado hoje

Ocorreu hoje, dia 4 de fevereiro, pelas 11h, na sacristia-mor da Sé Catedral de Braga, a conferência de imprensa de apresentação e lançamento do programa e cartaz da Semana Santa de Braga 2020.

 

A mesa era composta, da esquerda para a direita:

Dr. Luis Pedro Martins, presidente da entidade regional de turismo, Porto e Norte de Portugal
Dr. Ricardo Silva, presidente da J. de Freguesia de S. Victor e representante da Comissão da Procissão da Burrinha
Dr. Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga
Ver. Cónego Avelino Marques Amorim, presidente da Comissão da Semana Santa de Braga
Dr. Bernardo Reis, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga
Dr. Luis Rufo, provedor da Irmandade de Santa Cruz
Dr. Domingos Macedo Barbosa, presidente da Associação Comercial de Braga

 

Transcreve-se o comunicado que o senhor presidente da Comissão elaborou e transmitiu:

 

1. O programa celebrativo da Quaresma e Semana Santa em Braga, neste ano de 2020 e à semelhança do que vem acontecendo há algumas décadas, é um programa vastíssimo, no número e diversidade das iniciativas que apresenta. Nesse sentido, seria de todo inoportuna uma abordagem global, permitindo-me, por isso e neste momento, referir apenas algumas das iniciativas, que se impõem pela sua particular relevância, ou pela novidade de figurarem pela primeira vez no nosso programa.

 

2. Inicio pela presença entre nós da comunidade de São Vítor, e da sua Comissão Organizadora da Procissão da Burrinha. Embora trabalhando desde há muito tempo em estreita colaboração, este ano, por iniciativa e vontade de ambas as partes, São Vítor passou a fazer parte da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga. No respeito pela autonomia de cada um dos seus promotores, como sempre foi, e é apanágio desta Comissão com todos os seus promotores, não podemos deixar de registar este facto, pela importância e mais-valia que se torna, para todas as partes envolvidas, fazermos parte de um mesmo grupo de trabalho. Bem-vindos, e muito obrigado pela vossa participação!

 

3. Um outro aspecto relevante no programa do ano presente é a publicação do livro “A Semana Santa de Braga”. Com textos do doutor Rui Ferreira e fotografia de Hugo Delgado, o livro aborda a história, os acontecimentos e os protagonistas dos principais cerimoniais que integram a Semana Santa de Braga, e que se tornará, por mérito próprio, na sua obra de referência. Será uma publicação bilingue, de cerca de 200 páginas e boa qualidade de impressão, coeditada com a Editorial Afrontamento. A sua apresentação está marcada para o dia 04 de Abril às 16h00, na Igreja de Santa Cruz. Esta é uma obra que tínhamos anunciado no ano passado, mas, por motivos que nos foram alheios, não foi possível concretizar. Esta espera, contudo, traduziu-se numa maior qualidade da edição e sua divulgação, porque a qualidade e profundidade do seu conteúdo já estavam assegurados!

 

4. Quanto à imagem visual escolhida para este ano, como é facilmente observável no cartaz, inspira-se no Santuário do Bom Jesus do Monte. Quisemos, deste modo, prestar o nosso tributo pela declaração como Património Cultural da Humanidade, por parte da Unesco, até porque esta instância e o seu edificado são memorial do mesmo mistério que nós celebramos: a paixão, morte e ressurreição do Senhor. Pela primeira vez no nosso programa, e por iniciativa conjunta com a Confraria do Bom Jesus, teremos uma visita guiada aos escadórios e suas capelas, no dia 28 de Março pelas 10h00, com início junto ao pórtico.

Já quanto à decoração das ruas, e pela necessidade que havia de substituição de um número significativo de elementos, devido ao desgaste que o decorrer dos anos lhes provoca, apresentaremos um visual renovado, inspirado na arte barroca, tão presente nesta cidade, e que escolhemos pela sua beleza e nobreza, duas características reconhecidas nas nossas celebrações, procissões, e no programa cultural que as preparam.

 

5. “Desvendar a Semana Santa a brincar”, é algo que este ano se torna possível, com uma iniciativa resultante da acção desenvolvida pelo Grupo de Envolvência desta Comissão. O objectivo é permitir às gerações mais jovens, e de uma forma lúdica e divertida, desvendar a riqueza e o significado das celebrações, procissões e de todo o património referentes à Semana Santa em Braga. Os materiais produzidos para esta iniciativa poderão, a seu tempo, ser encontrados gratuitamente, no Tesouro-Museu da Sé, no Posto de Turismo, e nas igrejas onde decorrem as principais celebrações.

 

6. Refiro, ainda, do programa deste ano, os dois concertos que são responsabilidade directa desta Comissão:
– no dia 06 de Abril a Sé Catedral acolherá a Orquestra do Norte, interpretando o “Requiem” de João Domingos Bomtempo (1775-1842), obra composta “Á memória de Camões”, e que se distingue pela diversidade das tramas vocais e instrumentais, que muito favorecem a compreensão do trecho litúrgico.
– já no tempo pascal, celebrando as Alegrias de Nossa Senhora, festa do Próprio Bracarense, será a vez da Sinfonietta de Braga, às 21h30 de 16 de Abril na Igreja de São Paulo, com o Concerto de Pascoela.

 

7. A última referência, à parte do nosso programa, é sobre a nossa participação na Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa, de que somos membros fundadores e cuja acta fundacional foi assinada precisamente aqui em Braga há um ano.
Do seu programa anual, destacamos a realização do Congresso “Semana Santa” a decorrer no mês de Junho em Palermo (Itália), e a publicação de uma obra de referência, “Semana Santa: uma tradição viva”. São dois marcos importantes rumo à candidatura ao Instituto dos Itinerários Culturais do Conselho Europeu, que será apresentada em Setembro no Luxemburgo. A validação desta candidatura permitir-nos-á alargar o reconhecimento da Semana Santa de Braga como referente religioso e cultural a nível europeu, e mesmo internacional.

 

Braga, 4 de fevereiro de 2020

Domingo de Páscoa – Compasso Pascal

12 e 13 de abril, domingo de Páscoa e segunda-feira

 

O dia da Páscoa da Ressurreição é vivido no norte de Portugal, e particularmente em Braga, inspirado numa multisecular tradição, que lhe confere um sentido festivo e celebrativo ímpar. Desde os primórdios, a Igreja promoveu a Bênção das Casas, em dias diferenciados segundo cada época e cada região, mas privilegiando o tempo pascal, numa referência à primeira Páscoa, e à providência de Deus assinalada nas soleiras do Egipto.

Mais tarde, em plena Idade Média, esta forma ritual de bênção torna-se mais solene. A dimensão geográfica das paróquias e a suficiência de clérigos, permitia colocar a visitação e a bênção de todos os lares no próprio dia de Páscoa. Tomou, por isso, o nome de Visita ou Compasso Pascal.

 

Em nossos dias, e pela estreita relação do único mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, celebrado ao longo do Tríduo Pascal, o grupo visitador é presidido pelo pároco (ou alguém por si delegado) e constituído por alguns membros da comunidade paroquial. Conservando o rito de bênção das casas, inclui também um momento de oração comunitária e familiar, e termina com o ósculo da Santa Cruz, ou outro sinal de adoração.

 

Depois de, como os primeiros discípulos, anunciarem aos irmãos que o Senhor ressuscitou verdadeiramente e vive para sempre, o dia termina reunindo todos os grupos visitadores em solene e festiva procissão.

 

 

Indica-se em seguida o programa da visita pascal das paróquias do centro da cidade:

 

12 de abril  |  Domingo de Páscoa

 

Santo Adrião

8h00 Início da Visita Pascal com a Eucaristia às 08h00 da manhã. Termina a vista pascal pelas 13h00. Às 18h00 procissão desde a capela de Santo Adrião, integrando os 22 grupos da visita pascal, até à Igreja Paroquial onde é celebrada a Eucaristia de Encerramento do Compasso.

 

São Lázaro

8h00 Há celebração da Eucaristia às 08h00 e 17h30. O Compasso Pascal, composto por 26 grupos, visita as famílias com início às 09h00 e conclusão às 13h00.

 

Maximinos

8h00 Na paróquia de Maximinos, a Visita Pascal faz-se de manhã. Começa com a eucaristia às 08h00. Pelas 09h00, saída do compasso pascal que se prolonga até às 13h00. Eucaristia pelas 19h00.

 

Sé/São João Souto/Cividade

8h30 EUCARISTIA com participação de todos os grupos de Visita Pascal. Às 9h30 saída de todos os grupos em visita pascal pelo centro Histórico.

11h00 VISITA PASCAL à Câmara Municipal.

11h30 EUCARISTIA presidida por Sua Ex.cia Rev.ma o Senhor Arcebispo.

18h00 EUCARISTIA

 

São Vicente

9h00 A Paróquia de São Vicente inicia a Visita Pascal às 9h00. Da Igreja Paroquial partem 25 grupos de anúncio de Cristo Ressuscitado por todas as ruas e casas da Paróquia, terminando pelas 13h30. Às 18h30 inicia a Procissão das Cruzes, desde o largo dos Penedos até à Igreja de São Vicente, onde é celebrada eucaristia às 19h00.

 

São Victor

9h00 A Visita Pascal inicia às 09h00 com saída dos Compassos Pascais, desde a Igreja Paroquial e da Capela das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (num total de 27 grupos). Estes grupos recolhem às 12h30, para a celebração da Eucaristia, na Igreja de São Victor. Da parte de tarde, pelas 15h00, partem mais 14 grupos (e ainda outros 6 para fazer a Visita Pascal no Hospital de Braga).

Por volta das 19h00 reúnem-se na Rua Elísio de Moura (junto da Farmácia Pimentel), de onde se dirigem, em solene procissão, para a Igreja Paroquial, concluindo com a celebração da Eucaristia.

 

 

13 de abril  |  Domingo de Páscoa

 

Sé/São João Souto/Cividade

9h00 Saída da Sé Catedral de 4 grupos de Visita Pascal acompanhados por Banda de Música. Às 09h30Eucaristia na capela de Nosso Senhor das Ânsias, seguida de Visita Pascal.

20h00 Subida da Rua da Boavista (Cónega), em cortejo, dos quatro grupos de Visita Pascal, seguidos pelo povo, rumo à Catedral, onde há um tempo de adoração do Santíssimo e Bênção.

Visita guiada à Igreja de S. Victor, à Igreja da Senhora-a-Branca e à Capela de N.ª Sra. de Guadalupe

Durante a Semana Santa |  Nos próprios templos

 

Visitas guiadas à Igreja de S. Victor, à Igreja da Senhora-a-Branca e à Capela de N.ª Sra. de Guadalupe

 

Iniciativa: Junta Freguesia de S. Victor e Profitecla

 

Apoio: Paróquia de S. Victor, Irmandade da Senhora-a-Branca, Irmandade de N.ª Sr.ª Guadalupe

Missa Solene do Domingo de Páscoa

12 de abril, domingo de Páscoa, 11h30  |  Sé Catedral

 

Todo o Domingo é um dia pascal, porque simboliza e evoca, no ritmo cristão das semanas, o primeiro dia do mundo novo inaugurado com a Ressurreição de Cristo. O Domingo de Páscoa é, nesse sentido, o paradigma de todos os domingos. Por isso proclama a Liturgia: — «Este é o dia que o Senhor fez! Exultemos e cantemos de alegria!» Por isso também, nele, a Igreja celebra com especial solenidade a Eucaristia, memorial que recorda aquele mistério.

 

 

Visita Pascal das paróquias 

No âmbito da Cidade de Braga, esta visita é revestida de um significado especial.