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João Braz: «As pautas eram decoradas porque nas ruas não havia luz»

Durante um quarto de século, João Braz foi o maestro da Banda Musical de Cabreiros, que acompanha todas as procissões da Semana Santa de Braga.

 

Atualmente já não se encontra ao leme daquela coletividade que conta com 175 anos de idade, mas recorda os tempos em que as marchas fúnebres tinham de ser ensaiadas num campo de futebol, às escuras, para que no dia do cortejo a formatura saísse na perfeição.

 

Isto porque, explicou, «antigamente não havia nas ruas a luz que há agora» e as pautas tinham de ser decoradas porque não se conseguiam ler. «Não havia luzes nas montras porque eram desligadas e os candeeiros eram cobertos por panos pretos», recriando-se assim um momento solene, carregado de tristeza, fé e respeito.

 

Portanto, os ensaios tinham de começar cedo, logo no início do ano. «Apesar de muitos já conhecerem aquilo de cor, havia sempre membros novos que tinham de aprender, por isso era preciso ensaiar tudo com tempo para que no dia corresse tudo bem. Não era só aparecer na rua, havia todo um trabalho por detrás», explicou o maestro.

 

Daqueles tempos guarda boas memórias, sobretudo do «orgulho» sentido ao percorrer as principais ruas da cidade atrás do pálio onde se concentram as entidades oficiais. «Era muito bonito ter tanta gente a ver», relembra João Braz.

 

Atualmente, o ex-maestro da Banda Musical de Cabreiros integra a Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga. «Isto está tudo muito bem organizado e veem-se muitos turistas, não só portugueses como estrangeiros», disse.

 

 

[Rubrica em parceria com o jornal Diário do Minho]