Estamos em Ano Missionário. Esta é uma oportunidade única para todos – em tudo e sempre – redescobrirmos a nossa identidade baptismal. Não podemos desperdiçar esta graça.
Teremos de “ir mais longe”. Somos todos convocados a “sair” sem fronteiras, de coração a coração. O critério param edir a eficácia das nossas estruturas e a fecundidade do nosso trabalho é a missão do próprio Jesus. Medida máxima, portanto, mas por isso mesmo a medida do amor a suscitar uma entrega plena. Queremos ser Igreja de discípulos missionários. O caminho está traçado. Importa dar consistência e acreditar nos frutos. Ultrapassemos a inércia e redescubramos a nossa missão no seio das comunidades e em favor da Humanidade. O envolvimento da Arquidiocese no projecto de cooperação missionária entre Braga e Pemba, já no seu terceiro ano de concretização, é uma boa ocasião e um bom termómetro para aferir a capacidade de concertação entre a Arquidiocese, as paróquias e suas estruturas, os Movimentos Eclesiais, os Seminários e até estruturas civis, desde ONG’s a empresas. Se queremos que a Arquidiocese readquira um rosto missionário, todos deverão sentir-se envolvidos neste compromisso que foi discernido sinodalmente e agora está a ser concretizado colegialmente.
Não existe “só Pemba”. Olhamos para o nosso território de missão e para o mundo inteiro. A missão está ao nosso lado e concretiza se em muitos outros lugares. Mas existe Pemba: Diocese concreta com a qual temos relações privilegiadas. Importa revalorizar este relacionamento neste ano missionário. Para o efeito, renovo o convite a sacerdotes para que queiram oferecer um período da sua vida a esta causa. Enriquecer-se-ão e a Arquidiocese também se enriquecerá. Passar um período de tempo, como aquele dedicado às férias, também é uma proposta com muito encanto. Alargo este convite aos leigos para que ousem oferecer algo de si. O nosso Centro Missionário sabe dar todas as orientações necessárias.
A reabilitação da casa da paróquia de Santa Cecília de Ocua é uma urgência, conjuntamente com a construção de uma casa que, no futuro próximo, possa albergar a Congregação feminina que dará estabilidade à presença cristã nessa Paróquia. Recordamos que só a Paróquia de Santa Cecília de Ocua tem cerca de 100km de extensão, com 96 comunidades cristãs que, no nosso contexto, equivaleriam a 96 paróquias.
Muitas outras iniciativas poderão ser concretizadas. Bastará permitir que o amor seja criativo! Os movimentos, paróquias e empresas poderão deixar o seu nome ligado à felicidade de muitas pessoas, construída com a generosidade de poucas coisas que lá são muito grandes. Alguns Serviços Arquidiocesanos e Movimentos já decidiram deixar a sua marca naquelas comunidades. Outros se esperam.
Neste tempo especial da Quaresma, além do habitual Contributo penitencial, espero que sejamos capazes de reabilitar a missão sem fronteiras nas estruturas arquidiocesanas e nas pessoas, conscientes de que o cristianismo nos abre a horizontes que não conhecemos, mas são nossos.
Seguidores de Cristo, convoco todos, cada um à sua maneira, para esta aventura de experimentar quanto o amor de Cristo sugere em favor da Humanidade aqui nas nossas comunidades e na diocese de Pemba.
A mensagem do Santo Padre recorda-nos que estamos a trair a relação harmoniosa com o meio ambiente e que não podemos tornar- nos senhores absolutos da natureza, usando-a para proveito próprio em detrimento dos outros. Enquanto muitos falam de compromisso ambiental, o cristão vive uma relação responsável com a criação.
Iniciamos a Quaresma rumo à celebração festiva da Páscoa. Na árvore da nossa vida e das comunidades, queremos podar as incoerências evangélicas e permitir o reflorescer de frutos que testemunhem uma Igreja comunhão a viver para e da missão.
Convido os sacerdotes a que motivem as comunidades para a missão, assim como para a atenção e respeito pela natureza. Que esta Quaresma seja um tempo de conversão e que a Igreja Arquidiocesana resplandeça nos frutos do Evangelho.
† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz