A Comissão da Semana Santa informa que correu hoje, dia 11 de janeiro, pelas 11h, na sala do Cabido da Sé Catedral de Braga, a conferência de imprensa de apresentação e lançamento do programa oficial e cartaz da Semana Santa de Braga 2018.
Os presentes foram acolhidos pelo presidente da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, o Rev. Cónego Luis Miguel Figueiredo Rodrigues. Igualmente presentes na mesa estava o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, dr. Bernardo Reis; o provedor da Irmandade de Santa Cruz, dr. Luis Rufo; o presidente da Câmara Municipal de Braga, dr. Ricardo Rio; o representante da entidade regional de turismo Porto e Norte de Portugal, dr. Marco Sousa; o presidente da Associação Comercial de Braga, dr. Domingos Macedo Barbosa; o presidente da Associação Industrial do Minho, dr. António Marques.
O senhor cónego Luis Miguel Rodrigues usou da palavra, comunicando o seguinte:
“As comemorações da Quaresma e Semana Santa, em 2018, voltarão a encher a cidade de Braga de devotos, de turistas e transeuntes que nos vêm visitar para participar no modo único como vivemos estes tempos, ricos de significado e densos de tradições. Estas, mais do que revivalismos ou recriações históricas, e assumindo a sua matriz religiosa estritamente cristã, são a expressão de um povo que se percebe, se diz e se revê num acontecimento fundante: a morte e ressurreição de Jesus Cristo, e que continua a reconhecer a pertinência da sua mensagem nos dias de hoje.
É esta a mensagem que a Comissão pretende fazer passar com o cartaz deste ano, que parte da mensagem do ano pastoral da Arquidiocese de Braga: “Despertar Esperança”. Esta é um dos atributos da existência cristã. Ser cristão é ter esperança, é ser esperança, mesmo em situações de dor e sofrimento, porque Cristo venceu a morte.
Por isso, a chave de leitura da composição da imagem é dual.
Por um lado, contém (alguns d)os símbolos da paixão de Cristo, numa linguagem criativa estilizada, sobre tons de roxo – cor quaresmal e que apela a um tempo de interiorização e penitência – o que nos remete para a morte e padecimento de Jesus, logo, para a Semana Santa.
Mas, por outro lado ainda, também podemos observar o próprio Cristo ressuscitado em ascensão, mas com os sinais da sua paixão e morte inscritos no seu corpo. Cristo vence a morte, mas não ignora a dor e o sofrimento.
Este cartaz pretende mostrar, por isso, o fundamento da esperança cristã: Cristo Ressuscitou! É na certeza de que Ele ressuscitou que se apoia a Esperança.
Exemplo disso é o encontro que nos aparece em Marcos 5, 25-34, onde uma mulher, buscando cura para a sua doença, num derradeiro gesto de desespero, mas de profunda esperança e fé, acredita que, tocando apenas a fímbria do Seu manto, ficará curada.
A celebração da Quaresma e Semana Santa é, também ela, um convite à esperança, a partir da sua Fonte: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
As Comemorações da Quaresma e Semana Santa são também um misto de tradições multiseculares e também de inovação, na fidelidade a essa mesma tradição, geradora de uma identidade cultural muito própria.
O tom de esperança e de permanente novidade que a Quaresma e Semana Santa imprime na nossa cultura está sublinhado pela apresentação da obra “Passio” de Arvo Pärt. Trata-se de uma das primeiras obras terminadas por Arvo Pärt, depois de abandonar a URSS, “Passio”, com base no “Evangelho Segundo São João”, e é uma das liturgias corais mais aclamadas dos últimos 50 anos. É também um dos maiores exemplos da nova música minimal-espiritual, e foi escrita pelo compositor de Música Sacra de referência no séc. XXI, primeiro não teólogo a receber o Prémio Ratzinger de Teologia.
Por seu turno, o Concerto de Pascoela, este ano, foi confiado ao grupo bracarense Portuguese Brass, para que, musicalmente, se afirme o valor e impacto da Ressurreição, o que não seria tão bem conseguido se terminássemos a nossa oferta cultural na Semana Santa.
Aliás, a Alegria e a força da Ressurreição são este ano destacados de modo diferente, pelo ênfase que damos aos Compassos Pascais na Cidade de Braga. Embora seja uma celebração mais familiar, não deixa de ser algo de muito típico da nossa Cidade, cheio de significado e valores espirituais e religiosos, que importa realçar.
O acontecimento da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo tem sido, ao longo dos séculos, abordado por diferentes perspetivas artísticas, realçando o melhor que cada pessoa é capaz de colocar na sua arte. Este ano, permiti que vos destaque, no dia 21 de março, a apresentação da Via-Sacra, pelos utentes e colaboradores do Centro de Apoio e Reabilitação para Pessoas com Deficiência, (CARPD-Touguinha), da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde.
Não podemos deixar de referir que a Quaresma e Semana Santa, sendo um acontecimento de origem religiosa, gera inúmeras sinergias na Cidade e na região que atualmente ultrapassa, e muito, esta circunscrição. É o reconhecimento do papel que a fé cristã tem na construção da nossa identidade cultural, muito para além de credos e crenças. É dentro deste quadro que nos situamos ao falarmos da Semana Santa em Braga como um acontecimento religioso, que tem implicações nos diversos setores da nossa sociedade. É esta a razão pela qual estamos a incrementar, paulatinamente, uma maior envolvência de diversos parceiros e públicos na realização da Semana Santa. Quando se fala em pedidos de apoio, a nossa mente pode ir, logo, para os apoios económicos. Claro que isso é importante – diria mais, imprescindível. Mas há outro valor que importa considerar e potenciar: a envolvência que cada bracarense e que cada instituição da cidade pode ou quer ter com a Semana Santa, que é nossa. Sem esta participação, não poderemos manter a qualidade daquilo que é o mais típico e mais apreciado: as procissões e celebrações religiosas.
Gostava de fazer um último anúncio, de algo que reportamos como de grande importância: o Prémio de Investigação Cónego Jorge Coutinho, instituído pela Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga. Estamos conscientes de que a investigação académica ajuda à sua melhor compreensão e, por isso mesmo, a dignificar a nossa Semana Santa. Este prémio será bienal, com a primeira edição no final deste ano civil.
Termino com uma palavra de agradecimento a todos aqueles que colaboram com a Semana Santa de Braga, apoiando economicamente, oferecendo voluntariado, e também ornamentando as suas casas e estabelecimentos de acordo com a quadra que iremos viver.”
Outras notícias: