No quadro de Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, a Comissão da Quaresma e Semana Santa de Braga apresenta o programa cultural Da Páscoa ao Pentecostes. Trata-se de uma proposta que visa revalorizar o património religioso e artístico da cidade, articulando-o com a música e a reflexão histórico-teológica.
Sob a responsabilidade da Suonart – Associação Cultural e com direção artística de Elisa Lessa, o ciclo delineia um itinerário estético e espiritual pelas Sete Igrejas.
A tradição da visita às sete igrejas tem raízes profundas no cristianismo antigo, consolidando-se especialmente durante a Idade Média, como expressão de penitência, oração e peregrinação espiritual. Inspirada inicialmente nos costumes de Roma — onde São Filipe Néri, no século XVI, organizava a visita às sete grandes basílicas — esta prática estendeu-se a outras cidades cristãs de particular importância. Braga, reconhecida como a mais antiga diocese da Península Ibérica e como a “Roma portuguesa”, acolheu esta tradição, adaptando-a à sua própria geografia espiritual. Em Braga, a peregrinação tradicional inclui as seguintes igrejas: a igreja da Misericórdia, a igreja de Santa Cruz, a igreja dos Terceiros, a igreja do Salvador, a igreja do Pópulo e a igreja da Conceição, a Sé Catedral de Braga. Cada uma destas igrejas representa não apenas a riqueza artística e religiosa da cidade, mas também um marco simbólico no caminho de fé que o peregrino é chamado a percorrer, especialmente durante o tempo da Quaresma e da Semana Santa.
O número sete conserva aqui o seu profundo significado bíblico de plenitude e perfeição, ecoando os sete dias da criação e as sete igrejas do Apocalipse. Visitar estas sete igrejas em oração é, portanto, sinal de uma caminhada que abrange toda a vida do cristão, da sua fragilidade à sua esperança na Ressurreição. Em Braga, esta prática é ainda reforçada pela história secular da cidade como centro de espiritualidade e cultura cristã, cuja identidade se manifesta nestes templos, espelhos vivos da fé transmitida através dos séculos.
A iniciativa decorre de 3 de maio a 14 de junho. Cada sessão conjuga conferências, concertos e apontamentos musicológicos. Ao longo do percurso, escutam-se repertórios que atravessam séculos de tradição litúrgica. Serão interpretados por solistas e agrupamentos de referência no panorama nacional.
Esta proposta revela, simultaneamente, a riqueza cultural e a profundidade teológica das expressões musicais do tempo pascal, até à solenidade do Pentecostes.
PROGRAMA COMPLETO:
Igreja da Misericórdia
3 de Maio, 15h00
O PATRIMÓNIO ARTÍSTICO E MUSICAL DA IGREJA DA MISERICÓRDIA DE BRAGA | ELISA LESSA
Coro de Câmara Masculino – Escola de Música Litúrgica São Frutuoso
Dir. José Carlos Miranda
Igreja do Pópulo
10 de Maio, 14h30
O COLÉGIO DE NOSSA SENHORA DO PÓPULO E O LEGADO DO ARCEBISPO D. FREI AGOSTINHO DE JESUS | RUI FERREIRA
NOTAS AO PROGRAMA MUSICAL | ELISA LESSA
Coro de Câmara Masculino – Escola de Música Litúrgica São Frutuoso
Órgão e Dir. André Carvalho
Igreja do Salvador
17 de Maio, 15h00
O PATRIMÓNIO ARTÍSTICO E AS SENHORAS MÚSICAS DO ANTIGO CONVENTO BENEDITINO DE S. SALVADOR NOS SÉCULOS XVII E XVIII | ELISA LESSA
Coro Feminino – Departamento de Música da ELACH, Universidade do Minho
Dir. Alte da Veiga
Igreja dos Terceiros
24 de Maio, 15h00
OS TERCEIROS NA QUARESMA BRACARENSE | RUI FERREIRA
NOTAS AO PROGRAMA MUSICAL | ELISA LESSA
Coro de Câmara Masculino – Escola de Música Litúrgica São Frutuoso
Órgão e Dir. André Carvalho
Igreja de Santa Cruz
31 de Maio, 15h00
A IGREJA DE SANTA CRUZ E O IMAGINÁRIO DA PAIXÃO DE CRISTO NA CIDADE DE BRAGA | RUI FERREIRA
UM APONTAMENTO SOBRE A MÚSICA NA IRMANDADE DE SANTA CRUZ NOS SÉCULOS XVIII E XIX | ELISA LESSA
Vasco Faria, trompete
André Carvalho, órgão
Igreja da Conceição
7 de Junho, 15h00
O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO E A PRÁTICA MUSICAL NOS SÉCULOS XVII E XVIII | ELISA LESSA
Coro feminino – Departamento de Música da ELACH, Universidade do Minho
Dir. Alte da Veiga
Sé Catedral de Braga
14 de Junho, 15h00
A SÉ PRIMAZ E OS CERIMONIAIS DA SEMANA SANTA DE BRAGA | RUI FERREIRA
APONTAMENTOS SOBRE A MÚSICA NA SÉ DE BRAGA ATÉ AO ARCEBISPADO DE D. FREI AGOSTINHO DE JESUS (1508-1609) | ELISA LESSA
Daniel Ribeiro e Carlos Ferreira, órgão