Apresentado o programa 2023

Decorreu hoje, 14 de fevereiro de 2023, na Sé Catedral de Braga, a apresentação pública do programa da Semana Santa para este ano.

 

Transcreve-se em seguida a alocução proferida pelo Presidente da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, cónego Avelino Marques Amorim:

 

“Tornamos hoje público, nesta conferência de imprensa, o programa das celebrações da Quaresma, Semana Santa e Páscoa em Braga, a mais antiga e significativa celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo em Portugal.

 

Fazendo parte há um ano passado do Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, sendo membro fundador da Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa, tendo sido declarada de Interesse para o Turismo pelo Turismo de Portugal, com Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro, sentimos no seio da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, a responsabilidade acrescida de sermos justos e gratos ao património religioso e cultural herdado, assim como de abrir caminhos de futuro com a dignidade que a Semana Santa em Braga nos merece.

 

Assim, as celebrações da Catedral, o Lausperene Quaresmal, as procissões e expressões da fé, continuam a merecer a primeira atenção, como celebração dos mistérios da Paixão da Morte e da Ressurreição do Senhor. A partir daqui, procuramos construir um programa cultural e de dinamização local, que predispõe e prepara convenientemente todos e cada um daqueles momentos.

 

Como podem verificar pelo material disponibilizado, em suporte material e informático, voltamos a apresentar um programa vasto e de excelência, quer nos concertos realizados – e permitam que sublinhe o grande concerto de terça feira santa na Sé Catedral, pela Orquestra e Coro do Distrito de Braga com a Paixão Segundo São Lucas do compositor bracarense Joaquim dos Santos. Há também todo um leque diversificado de manifestações religiosas, de práticas devocionais, de eventos culturais, e de animação local, que nos permitirão vivenciar, de forma intensa e profunda, a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

 

E porque as celebrações em Braga são já um referencial, quisemos este ano acrescer o nosso contributo em três grandes áreas: participação das gerações jovens; iniciativas de inclusão social; e expressões contemporâneas de arte.

 

Relativamente ás gerações mais jovens, sublinho o 2º Concurso Escolar “A Semana Santa de Braga” para as escolas do ensino básico; a participação dos colégios na procissão de sexta feira santa; a animação de rua pela Associação Project’Art. Ainda na juventude, mas também na área da inclusão social, contamos com a colaboração do Projecto Homem que, além da exposição comemorativa dos seus 31 anos em Braga, organizará Workshops de Circo abertos à comunidade, o Espetáculo CoolEaster, através dos projetos Equilibrium Social Circus e CoolTour.

 

No que concerne a novas expressões artísticas, mais contemporâneas, serão realizadas oficinas artísticas sobre o património imaterial da Semana Santa de Braga, que incluirão uma Open Call para recolha de materiais, experiências, depoimentos e oficinas inter-geracionais, onde as pessoas poderão partilhar as suas vivências da Semana Santa, e que depois resultarão na montagem de uma instalação final a apresentar no CIMMB (Palácio do Raio).

 

Estes contributos fundamentam-se não apenas em novas áreas de intervenção, mas também num contributo efetivo para a candidatura da Rede Europeia a Itinerário Cultural do Conselho Europeu, reconhecimento que esperamos para breve, e que necessitam de um incremento efetivo nestas mesmas áreas.

 

Concluindo, a Quaresma, Semana Santa e Páscoa de Braga assumem uma importância já de todo reconhecida para a cidade e para a região, pelo impacto turístico, económico e social que tem proporcionado. Tudo isto em consonância com o impacto religioso e espiritual, pela forma como nos permitem viver e celebrar este período central da fé e da liturgia cristãs. Um programa só possível graças ao contributo e empenho das instituições promotoras, dos parceiros que nos apoiam, e da participação de tantas pessoas que nos oferecem a sua colaboração. Em nome da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga a todos o nosso muito obrigado, nomeadamente aos órgãos de comunicação social que se tornam imprescindíveis na divulgação. Muito Obrigado!”

Missa Solene do Domingo de Páscoa

9 de abril, domingo de Páscoa, 11h30  |  Sé Catedral

 

Todo o Domingo é um dia pascal, porque simboliza e evoca, no ritmo cristão das semanas, o primeiro dia do mundo novo inaugurado com a Ressurreição de Cristo. O Domingo de Páscoa é, nesse sentido, o paradigma de todos os domingos. Por isso proclama a Liturgia: — «Este é o dia que o Senhor fez! Exultemos e cantemos de alegria!» Por isso também, nele, a Igreja celebra com especial solenidade a Eucaristia, memorial que recorda aquele mistério.

Concerto “Passio et Mors Domini Nostri Jesu Christi Secundum Lucam”

4 de abril, terça-feira Santa, 21h30  |  Sé Catedral de Braga

 

Concerto “Passio et Mors Domini Nostri Jesu Christi Secundum Lucam”

 

Compositor: Joaquim Gonçalves dos Santos

Orquestra do Distrito de Braga e Coro do Distrito de Braga

 

 

Organizacão: Comissão da Semana Santa de Braga

 

Patrocínio: Arquidiocese de Braga, Associação Mutualista Montepio, Grupo Bernardo da Costa, BPI, Braga Parque, Carclasse, Costeira empreiteiros, Hotéis do Bom Jesus, MCM, Sabseg, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e Vila Galé Hotéis

Lava-Pés e Missa da Ceia do Senhor

6 de abril, quinta-feira Santa, 16h00  |  Sé Catedral

 

A anteceder a Missa da Ceia do Senhor, o Arcebispo que preside lava os pés a doze pessoas que representam os doze Apóstolos. Assim se comemora o que fez Jesus e se atualiza a sua eloquente lição: «Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo este seu amor. […] Levantou-se da mesa, depôs as vestes e tomando uma toalha pô-la à cinta. Depois de lhes lavar os pés […], disse-lhes: ‘Compreendestes o que vos fiz? Vós chamais-me Mestre e Senhor e dizeis bem porque Eu o sou. Ora, se Eu, sendo Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também’» (Jo 13, 1-15).

 

Terminado este rito, segue-se a Missa da Ceia do Senhor. É uma celebração dominada pelo sentimento do amor de Cristo que, na véspera da sua Paixão, enquanto comia a Ceia com os discípulos, instituiu o Sacrifício-Sacramento da Eucaristia, como memorial da sua Morte e Ressurreição a celebrar, tornando-o sempre atual, no decurso dos tempos: «Durante a ceia, tomou o pão dizendo: — ‘Tomai e comei. Isto é o meu corpo, entregue por vós.’ Do mesmo modo, tomou o cálice e, dando graças, deu-o aos discípulos dizendo: — ‘Tomai e bebei todos. Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim’» (Lc 22, 19-20).

No momento próprio, o Presidente da celebração faz a homilia apropriada, com especial incidência na lição do lava-pés e no «mandamento novo» deixado por Jesus como testamento espiritual para os seus discípulos (Sermão do Mandato). «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. […] É nisso que todos reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei a vós» (Jo 13, 34-35).

 

Terminada a missa, a assembleia canta a hora de Vésperas, enquanto que o Cristo vivo presente na Hóstia consagrada é conduzido em procissão pelas naves da Catedral para um lugar de adoração (a representar o Horto das Oliveiras), onde permanecerá até ser dali retirado, também processionalmente, no dia seguinte, para o sepulcro. Os fiéis são convidados a velarem com Ele, na hora da sua Paixão. Em sinal de luto, o altar é desnudado.

 

A visita às Sete Igrejas é uma tradição ancestral associada à vivência da Quinta-Feira Santa na cidade de Braga. Esta prática devocional está vinculada à realização da Procissão das Endoenças que as Misericórdias organizavam. O imaginário que preside a esta prática estará certamente relacionado com as sete igrejas de peregrinação da cidade de Roma, que os fiéis devem visitar sempre que é proclamado Ano Santo. Hodiernamente este costume mantém-se. As sete igrejas são “marcadas” com uma cruz da paixão junto da sua porta de entrada. Durante a tarde de Quinta-Feira Santa, os fiéis são convidados a visitarem sete igrejas da cidade de Braga: Sé Primaz, Misericórdia, Santa Cruz, Terceiros, Salvador, Penha e Conceição.

 

Ao mesmo tempo, um numeroso grupo de farricocos, percorre o centro da cidade, com as suas ruidosas matracas. Na sua origem pagã, eram um grupo de mascarados que percorria as ruas, anunciando a passagem dos conde-nados e relatando os seus crimes. Já «cristianizados», em tempos antigos, conforme a mentalidade de então, percorriam as ruas chamando os pecadores públicos à sua reintegração na Igreja, depois de arrependidos e perdoados. Era a forma do tempo, de entender a misericórdia para com os peca-dores, aos quais tinha sido aplicada a indulgência (ou «endoença»). Atualmente, atribui-se-lhe um significado substitutivo e residual, de chamamento dos Irmãos da Misericórdia para a procissão da noite. O uso das ruidosas «matracas» para este efeito foi instituído em anos remotos para substituir o toque dos sinos, que nos dias maiores da Semana Santa ficavam silenciosos.

Trasladação da Imagem do Senhor dos Passos e Via Sacra

1 de abril, sábado, 21h30  |  Sai da Igreja de Santa Cruz

 

A noite do sábado antes de Ramos é como uma primeira Vigília, de carácter penitencial, a preparar a Semana Santa, tal como, no sábado seguinte, a Vigília Pascal será a celebração festiva do triunfo de Jesus sobre a morte.

 

21h30 – Procissão em que se faz a Trasladação da Imagem do Senhor dos Passos, da Igreja de Santa Cruz para a Igreja do Seminário, percorrendo a Rua do Anjo, Largo de Santiago (onde serão cantados o Miserere e outros motetes), e Largo de S. Paulo.

 

22h00 – Recolhida a procissão, segue-se a Via-Sacra, com o povo cantando os «Martírios» e percorrendo, pela sua ordem, as seguintes «estações» ou «calvários», em que estão representados oito dos «passos» de Cristo no seu caminho para o Calvário. Estes têm a seguinte identificação e localização:

 

 

1ª Estação – Jesus toma a sua cruz
Largo de São Paulo

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2ª Estação – Jesus encontra Sua Mãe
Largo de Santiago

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3ª Estação – Jesus cai por terra
Rua de S. Paulo

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4ª Estação – A Verónica limpa o rosto de Jesus
Rua D. Paio Mendes

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5ª Estação – A caminho do Calvário
Casa do Igo (Campo das Carvalheiras)

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6ª Estação – Jesus consola as mulheres de Jerusalém
Arco da Porta Nova

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7ª Estação – Segunda queda
Largo do Paço

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8ª Estação – Jesus é pregado na cruz
Casa dos Coimbras

 

 

O andor do Senhor dos Passos recolhe à igreja do Seminário (S. Paulo), de onde sairá no dia seguinte a Procissão dos Passos.